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Rotas do Vento

Nepal: Vale de Khumbu e Campo Base do Evereste – Filipe Costa

Passar 3 semanas num país tão distante e exótico como é o Nepal tem como principal vantagem o contacto muito mais profundo com o seu povo, cultura e civilização, que são fascinantes por serem tão diferentes da nossa;
Outro aspecto particularmente positivo foi toda a beleza natural que sempre nos acompanhou, designadamente durante o Trekking no vale de Khumbu, com paisagens de montanha indescritiveis, que devem tornar aquela região dos Himalaias numa das mais belas do planeta;
Por fim, um terceiro aspecto prende-se com a liberdade de circulação e a segurança que sempre se sentiu durante todo o trajecto (incluindo Katmandu), um factor muito importante para quem gosta de viajar.

Entre os aspectos negativos, destaco o factor imprevisivel do tempo metereologico, já que nos locais de maior altitude apanhou-se mau tempo, o que nos impediu de ir até ao Kala Pattar, um dos sitios que aguardava com mais expectativa;
Por fim, houve aldeias pelas quais passámos que existiam apenas em função dos turistas, ao passo que outras eram mesmo aldeias sherpa, cheias de pontos de interesse, onde éramos praticamente os únicos turistas por lá (como Khumjung, por exemplo). Gostaria de ter visitado mais aldeias desse género.
Infelizmente, também tenho de dar nota negativa ao guia de montanha, muito pouco comunicativo.

A comida é muito boa, e felizmente não me causou nenhuma complicação ao nível da saúde. É pena ser cara nas zonas de maior altitude, especialmente a água. A beleza natural, como já referi antes, foi um dos pontos que mais me encantou nesta viagem, assim como o exotismo da cultura nativa.
Em alguns troços do percurso a dificuldade física foi mais acentuada, mas caminhando ao nosso ritmo e apreciando a paisagem, mesmo as subidas mais íngremes ficam ao nosso alcance.
Regra geral fomos sempre recebidos e tratados com toda a simpatia e cortesia por todos os habitantes locais.
O nosso grupo era curto mas para mim foi a dimensão ideal pois permitiu conhecermo-nos muito melhor, e o espirito de companheirismo foi excepcional. O tempo esteve bom na maior parte das vezes, apenas um pouco instável em maior altitude, que, como referi, atrapalhou um pouco os planos da viagem.
O sentimento de segurança foi uma constante, portanto, nota 5 para esse aspecto também.

A paisagem foi 5 estrelas, no entanto deixo uma nota mais modesta para o estado de conservação da Natureza, pois infelizmente vê-se alguma poluição nos solos, com grandes acumulações de lixo. Em Katmandu, naturalmente, as proporções da poluição são muito maiores.
Encontrámos um ambiente relativamente sereno, pois enquanto estivémos na montanha falava-se de uma greve geral em Katmandu por tempo indeterminado susceptivel de afectar alguns voos internacionais. Felizmente, quando regressámos à capital, o ambiente já estava normalizado, e assim se manteve até ao fim.
Como sugestão, deixo a ideia já aflorada anteriormente, de se organizar, dentro do possível, um percurso com passagem por aldeias sherpa mais características em detrimento de outras que só existam em função dos turistas. Por exemplo, se fosse viável, era interessante pernoitar mais um dia em Khunjung (uma vez na fase da subida e outra na descida).

A viagem foi sem dúvida a mais duradoura que ja fiz, e dificilmente daria para se prolongar ainda mais. Mas nao nego que à saida sentia vontade de lá ficar mais uns dias a conhecer certas zonas, pois o Nepal é um belissimo país. Senti talvez que o tempo passado em Katmandu foi escasso.

Esta viagem ao vale de Khumbu foi a grande viagem de aventura da minha vida. Consegue reunir em si uma beleza e diversidade paisagística muito grande, o conhecimento profundo de um país e sobretudo de uma cultura e civilização bastante diferentes da nossa, e a hospitalidade e simpatia sem limites de um povo humilde mas extremamente amável. Foram três semanas muito gratificantes e bem passadas, onde mesmo o cansaço físico das longas caminhadas que enfrentamos é superado por tudo aquilo que ficamos a conhecer, por tudo o que presenciamos, por tudo o que damos e principalmente recebemos. Senti que voltei renovado desta viagem e só por isso, já sei que valeu a pena viajar.

Filipe Costa
Lisboa, Maio 2010